3.5.12

FALANDO SÉRIO - 03 DE MAIO

PDT


Indicado pela presidente Dilma Rousseff para comandar o Ministério do Trabalho, o deputado Brizola Neto (PDT-RJ) afirmou nesta terça-feira (1º) que terá como primeira “tarefa” trabalhar pela união do PDT. A escolha da presidente por Brizola Neto não agrada a cúpula do partido, que reclama de “falta de diálogo” com o governo federal.“Minha primeira tarefa será buscar, reafirmar a unidade do partido e o apoio ao governo da presidente Dilma Rousseff”, afirmou o novo ministro durante evento em comemoração ao Dia do Trabalho, em São Paulo. Ele minimizou ainda as insatisfações do partido com sua indicação

PDT E PT

Para esquentar o quadro da sucessão em Ponta Porã, ficamos sabendo que é bem provável que PDT e PT lancem uma chapa para a disputa deste ano. Um dos nomes fortes do PDT para encabeçar a chapa, seria do empresário Ivo Cherin. Já o partido da estrela indicaria o vice, na composição. A conferir.

CÂMARA

Nem com as várias mudanças ocorridas nos últimos dias na Câmara Municipal de Ponta Porã, o eleitor tem notado diferenças. Tida como uma legislatura apática, o comentário na cidade, principalmente entre os de mais idade, é que nunca se viu uma legislatura tão “devagar” quanto a atual. A esperança da grande massa eleitoral é que com o aumento de cinco cadeiras e o ingresso de gente nova na política, as coisas mudem lá pelo Legislativo.

TRÂNSITO

Quem dirige pelas ruas de Ponta Porã tem a impressão de que boa parte dos motoristas não sabe dirigir. O cidadão trafega pela esquerda da via, em velocidade menor que a mínima exigida e ainda fica “nervosinho” quando alguém insiste em pedir passagem. Motos, então, é o pesadelo de qualquer um que anda no caótico trânsito de Ponta Porã. Nem com as operações da força policial, que apreende uma porção de motocicletas por dia, elas diminuem. E fazem cada barbaridade. Um pouquinho de educação no transito não faz mal para ninguém e se não está com pressa, trafegue pela direita.

BANCOS

Ao contrário da música de Maria Cecilia e Rodolfo que diz, “...a fila andou e você nem percebeu”, os Bancos continuam desrespeitando os direitos dos consumidores e nos consomem horas de trabalho que são, perdidas nas filas e, irrecuperáveis nos dias de intenso trabalho.



Devemos atuar como fiscais da Lei e seguir a seguinte orientação do Coordenador do PROCON: Pegue a senha, aguarde o demorado atendimento, solicite ao caixa que a autentique. Após isto, dirija-se ao PROCON e formalize a reclamação (seu nome não vai aparecer), o banco será notificado imediatamente, na segunda vez sofrerá uma penalidade de R$150,00. No caso de reincidência essa multa dobra até chegar à nona vez. Na décima autuação o ALVARÁ DO BANCO SERÁ CASSADO. Exerça sua cidadania.

AGRADECIMENTO

Se a morte é inerente à vida, ainda assim nos surpreende com sua inevitabilidade, com sua realidade imutável, principalmente quando chega repentinamente e nos toma as pessoas mais queridas. Fui assim surpreendida por ela na quinta-feira passada quando logo pela manhã soube da morte prematura de um homem especial, meu maior leitor e incentivador, meu amigo das horas mais difíceis. Sabe aquelas pessoas cheias de fé que acreditam o tempo todo que as coisas vão melhorar? Então, meu agradecimento especial de hoje segue em memória do professor,João Batista Pissini, um dos idealizadores desta coluna, que mesmo sem laços sanguíneos, o Nuno Gaeta e eu, o chamávamos de “Tio João”. Mas quem foi que disse que irmãos precisam necessariamente nascer na mesma família? Obrigada.

18.1.12

Personalidades da fronteira – O gerente do Banco do Brasil Walther Rossi

Walther Rossi foi o Gerente do Banco do Brasil que instalou o agronegocio em Ponta Porã, Antonio João, Amambaí e demais municípios do Cone sul no então MT uno, ponto inicial da agricultura mecanizada de todo o Mato Grosso.

A Agência do Banco do Brasil S.A. de Ponta Porã foi o instrumento das Políticas de Governo que mais contribuiu para o desenvolvimento de todo o Cone Sul do Estado. Desde os mais remotos tempos em que José Pinto Costa, comerciante e produtor rural assumiu a Representação deste Banco Oficial aqui na Fronteira a Instituição financeira vem refletindo o programa e a vontade comercial de cada Governo.

As principais fases econômicas pelas quais passamos, com as riquezas da Erva-Mate e da Pecuária primaria e extensiva, e a implantação do Território Federal ou com a chegada do Ramal Ferroviário seguido pelo ciclo da exploração das Madeiras até aos Planos de Desenvolvimento criados a partir de 1964 pelos Governos Militares, todo este vasto Território desde Antonio João até Mundo Novo nas margens do Paranazão orbitava ao redor desta Agência Regionalizada. Somente em 1970 foi criada a Agencia de Amambaí e o Posto de Mundo Novo.

Eu participei por mais de dez anos desse quadro como terceirizado do BB na CREAI, Carteira de Credito Agrícola e Industrial, em companhia dos saudosos fiscais e avaliadores Diogo Guimarães, Athamaryl Saldanha, Galba Torres, Patrício Cássia, Jary de Almeida e Jary Rodrigues Paz vivenciei a administração de diversos Gerentes, entre eles o saudoso Hugo Leite Penteado, fazendo sólidas amizades com os administrativos dessa Carteira José Ivolin Monteiro de Almeida, João Esgalha, Roberto Almirao de Carvalho, Jorge Joji Tamashiro, Cacildo Bella, nessa época contando com a participação do avaliador/topógrafo Jorge Maciel da Silva que até esta data presta serviços topográficos na BRASPLAN do Eng. Agr. Jarbas Shamaedeck.

O Gerente Walther Rossi que em 1968 chegou com sua Maria José nesta Fronteira, conquistou a amizade e o carinho de todos nós.

Com sua habilidade gerencial e o carisma pessoal confirmou amizades e parcerias fortes na área comercial e no setor rural. Com o apoio no campo social incentivou a abertura e instalação da Associação Atlética Banco do Brasil a AABB, que construindo sua sede urbana congregou não só os Funcionários, mas toda a comunidade usuária daquela Agencia. A bocha, o voleibol, o futebol de salão e as reuniões sociais aproximavam a sociedade local que começava a dar as boas vindas aos colonos gaúchos que chegavam em 1969/70 para dar inicio a agricultura mecanizada.

A sede social da AABB de Ponta Porã junto com nosso Sindicato Rural foram as primeiras anfitriãs dos colonos recém chegados que receberam ali o apoio logístico

necessário para a consolidação inicial do agronegocio.

O exemplo dos espanhóis Irmãos Martin Martin que na Granja Gredos estavam iniciando o plantio de extensas áreas de arros, trigo e soja às margens da Ruta V, saída para Asunción foi o grito de partida para o progresso.

Os campos nativos foram descobertos e aconteceu a chegada dos primeiros colonos gaúchos que com a adesão de diversos fazendeiros locais iniciaram a organização do agronegocio com a participação ativa da Agencia do Banco do Brasil de Ponta Porã.

Aqui formulamos as primeiras propostas de financiamento, cumprindo as normas exigidas pela Superintendência do BB, idealizando e implantando regras que foram aceitas pela Diretoria de Operações do Banco, sempre com o incentivo e o parecer experiente do Gerente Walther Rossi.

Neste contexto do agronegocio a habilidade gerencial do Walther conquistou um fato inédito, incluindo no ramo da produção rural os “turcos” tradicionais comerciantes Rafael Rafat, meu compadre Aley Ale e os irmãos Ezaat e Alexandre Iskandar Georges que se tornaram produtores de soja e de gado de corte.

As ações implantadas durante essa Gerencia resultaram na consolidação desta Nova Era do desenvolvimento regional e motivou a instalação da Empresa Agropecuária Três Coxilhas do comerciante/cerealista Fahd Jamil e que se transformou na primeira referencia tecnológica estadual na Transferência de Embriões e comercialização de sêmen bovino no Estado.

Ocupando essa Gerencia até 1973 o Walter Rossi foi servir ao Banco em outras Praças, e após sua aposentadoria regressou definitivamente para a Fronteira com sua Maria José e os filhos, convivendo agora com o progresso que ele ajudou a construir. (Retrospectiva – Artigo publicado em 2001)

NOTA DO AUTOR – 14 de janeiro de 2012 – Nesta data faleceu o gerente Walter Rossi aposentado do BB, um homem que nunca deixou de trabalhar. Após cumprir sua missão no Banco do Brasil retornou para a Fronteira, administrando, assessorando e organizando Empresas. Esta Personalidade da Fronteira vai continuar viva em nossa Historia. Valeu Rossi.

* Produtor Rural. Ex Presidente do Sindicato Rural de Ponta Porã.
agroney@bol.com.br

Ponta Porã – Um século de amor

A Princesa dos Ervais ao adentrar no ano de dois mil e doze, oficialmente comemora um século de amor. Cem anos de amor verdadeiro por este planalto antes pontilhado de lagoas e várzeas, ricas em águas e terras férteis que permitiram e saciaram a sede e a fome de nossos avós gaúchos, permitindo a continuidade de suas vidas e produzindo alimentos para as gerações vindouras.


A Princesa dos Ervais foi assim cantada em versos pelo imortal Dom Aquino Corrêa:


Nos píncaros selvagens e altaneiros

Da serra do Amambay nasceste um dia

Tu que te embalas na canção bravia

Do altivo beijo infrene dos pampeiros.


Princeza dos Hervais que ao sol fagueiros

Riem na verde fronde luzidia

Celebram-te em arcádicas poesias

Nas coxilhas em flor, os boiadeiros.


Bate em teu virgem peito, ao ritmo heróico

Da alma gentil do bandeirante estóico,

O sangue do gaucho ardente e puro.


E alem, mais belo e forte que o oceano,

O salto de Guayra entoa ufano

O prelúdio triunfal do teu futuro!”


Esta homenagem do mato-grossense salesiano Dom Aquino Corrêa, arcebispo e governador do MT, saúda os tempos de nossa primeira riqueza a Erva Mate, chamada de Ouro Verde. E então em 1943, por ato do Presidente Vargas este Sul Maravilha transformou-se em Território Federal. Ponta Porã, capital do Território tomou ares de cidade grande. Recebia vôos diários da Panair do Brasil – Viação Aérea Nacional – Real e o CAN – Correio Aéreo Nacional.

O Coronel Ramiro Noronha foi o primeiro governador nomeado. Em 1946 foi substituído pelo major Guiomar dos Santos, que com a saída de Getúlio do poder, cedeu seu lugar para o Dr. José de Albuquerque, médico de dona Santinha, esposa do marechal Eurico Gaspar Dutra, recém eleito Presidente da República. “E daí, o cuiabano acabou com a nossa festa, e o Território foi reanexado ao velho Mato Grosso”.

Chegaram os trilhos da NOB – Estrada de Ferro Noroeste do Brasil e aconteceu um novo surto de progresso. Com o trem vieram os derrubadores de matas e os exploradores de madeiras. As ‘toras in natura’ foram exportadas e as riquezas naturalmente seguiram juntas. Restaram as pastagens artificiais que sustentaram por longos anos uma pecuária produtiva.


Em 1968 aconteceu uma segunda invasão gaúcha com a introdução da agricultura mecanizada. Os campos e coxilhas foram cultivados e tornaram-se mais promissores. As velhas pastagens foram destocadas e as terras recuperadas. A implantação e expansão do agronegócio pela região Sul do MT viabilizou e possibilitou em 1978 a criação do Estado de Mato Grosso do Sul.


E aqui pela fronteira atualmente vivemos uma nova fase áurea de desenvolvimento, com o turismo legal de compras em grande expansão, sabiamente estimulado e permitido pelos Governos das duas Pátrias. Completa-se também um século de amizade com o povo paraguaio, vivendo muitas histórias de amor.


Milhares de famílias paraguayas e brasileiras tem seus filhos casados entre as duas nacionalidades. E para não fugir à regra eu e Hedy temos uma nora e duas lindas netas asunceñas. E assim, em 2012, todos nós comemoramos Um Século de Amor.

* Um cidadão Fronteiriço.



Retrospectiva – A centenária figueira


Incentivado pelo amigo e decano jornalista o comendador João Natalício de Oliveira, desde o final da década de 60 do século passado iniciei timidamente a escrever artigos sobre ‘Pequenos Trechos da Grande História de Ponta Porã’, manchete que ele mesmo idealizou. E nesse espaço de quase cinqüenta anos, espelhando-me e tentando trilhar na mesma linha dos meus preferidos escritores/contadores de histórias regionais Hélio Serejo e Elpídio Reis e de historiadores e críticos literários deste Sul Maravilha como foi Paulo Coelho Machado e como é atualmente o Isaac Duarte de Barros Filho, e ainda tratando de temas sobre a economia rural, venho tentando registrar nossa contemporaneidade.


Com alegrias e esperanças comemoramos agora a início de um novo ano. Adentramos no Ano 2012 em que Ponta Porã festeja oficialmente o seu primeiro centenário, exatamente no dia 18 de julho. Nos últimos dias de 2011, após uma longa estiagem extemporânea e fatídica para a agricultura e outras atividades agropastoris nós produtores rurais amargamos a confirmação de sérios prejuízos financeiros.

A safra de verão 2011/12 foi definitivamente prejudicada em pelo menos 35 por cento, conforme dados oficiosos. A economia dos municípios do Sul do MS, sem distinção vai sofrer grande queda na arrecadação de tributos. Nos últimos dias do ano, exatamente 29 de dezembro inesperadamente uma tempestade com raios e ventos de alta velocidade atingiu o centro da cidade, causando inúmeros prejuízos materiais.

Fatidicamente um dos cultuados símbolos do início de nossa colonização a Figueira Centenária do Paço Municipal, não resistiu à inclemência do temporal e literalmente tombou definitivamente. Naquele final de tarde sentimos o calor humano dos habitantes da cidade, consternados ao admirar e cultuar a enorme árvore decepada e deitada qual um gigante adormecido.

Na manhã seguinte não foi diferente, enquanto os garis da Prefeitura executavam o trabalho da retirada dos troncos e galhos que obstruíam a Rua Antonio João, uma verdadeira multidão de pessoas aproximava-se, cada uma murmurando histórias vividas sob as frondosas sombras da velha figueira.

Comigo não foi diferente, e ali ao reencontrar um velho companheiro de farda do Onze o sargento Joel Portela, que também foi meu contemporâneo como militante do Internacional Futebol Clube, muitas lembranças afloraram em minha mente, como um filme de imagens inesquecíveis. Sob o manto protetor daquela Figueira por muitas vezes naquele local vestimos a camisa rubro-negra do nosso Inter da Fronteira, ao lado do Irala, do Aníbal Icassati, do Pavão/torneiro, Enéias e Laércio Cardoso, comandados pelo Geraldo Costa Ribeiro, seo Belmiro Albuquerque ou pelo Lauro Lorentz de Carvalho.

O futebol fronteiriço viveu tempos gloriosos no Campo da Figueira com o Ponta Porã F.C. da camisa azul e branca paixão do seo Nicandro Ernesto de Campos, do Nery Alves de Azambuja e do Carlito Roncati, não esquecendo do Byron Medeiros e dos Freitas lá do Monte Castelo. Dos atletas do Ponta vou citar o João Manoel Vasques, e o Acostinha. O time do Onze, o Guararapes das cores preta e amarela era a paixão do sargento Solis, do coronel Jefferson da Rocha Braune e do Coronel Erico Tinoco Marques.

O vermelho Noroeste E.C. do Cambona, do Dirceu, do Arizinho e da comunidade ferroviária marcou uma etapa. E o verde e branco do Club Comercial, último Campeão Amador do MT ainda Uno tinha no Ezaat Georges e no Olde Sanches os seus principais incentivadores, e daquele time vencedor de 77/78 posso citar o sargento Anzoategui, o sargento Aníbal, o Paqui, o Chico Brandão, Acostinha, Papi Fernandez.

E aqui deixo um abraço para o Bráulio Alvarenga um atleta e depois fanático cartola/torcedor do Águia da Fronteira. Falar sobre o Campo da Figueira é recordar obrigatoriamente do Ferriol, que foi zelador, roupeiro, jogador, bandeirinha e até membro da diretoria da Liga. Além do Futebol a velha Figueira abrigou em suas sombras muitos casais de namorados e amantes, trocando juras de amor.

Tristemente devemos registrar mortes por suicídio com enforcamento utilizando seus possantes e sagrados galhos. Pela década de 60, nos feriados e nos sábados à tarde as aconchegantes sombras das duas Figueiras recebiam em uma Feira Livre os produtores e vendedores de legumes, frutas, carnes e demais produtos naturais muito procurados pela população urbana.

Assim mais uma vez devo reverenciar e agradecer a natureza que sabiamente colocou as figueiras em nossas vidas. Ao iniciar minha vida rural, naquelas sombras benfazejas eu estacionava meu velho Chevrolet 51 – que nos finais de semana descansava do transporte de erva-mate, carregando para a Feira da Figueira a minha produção de abóboras, melancias, leitões, frangos caipiras e a tradicional mandioca dos caatins, a mais deliciosa.

Ao lado dos açougues do Aristides Bueno e do meu tio Catão Lageano que carneavam as vacas do Jamil Derzi, utilizando um galho da Figueira eu pendurava os ganchos da balança/mondana para avaliar as compras do José Lorentz de Carvalho e do seu irmão João Moritz, do sargento Dodô, Domingos Santana, do Honório Almirão fiscal municipal, do Adê Marques exator, amigos que já não estão entre nós.

Acredito que outros compradores como o casal de dentistas Sebastião Pereira e a Irma Portela Freire ainda com saúde, hoje ao lerem esta crônica reverenciem o renascimento de mais de uma Figueira naquele mesmo local, cumprindo a Tradição secular. E assim a história deve continuar.

2012 – Um Século Nos Contempla.


A figueira


Na Rua Antônio João, onde hoje está localizada a Prefeitura Municipal que neste artigo passarei a denominar de Palácio da Figueira valorizando assim o Paço e a árvore centenária, existiam duas enormes figueiras. Comenta-se que existiram três figueiras, porém eu conheci apenas as duas de meus tempos de criança, e como só comento e escrevo os fatos que conheci pessoalmente ou com eles convivi, vou ficando com minhas verdades.

Era um quarteirão inteiro para que elas se desenvolvessem e ainda restava espaço para um campo de futebol. Em suas sombras, nos finais de semana funcionava a Feira Municipal. Houve tempo em que se tentou cercar aquela área com paredes de tábua, na tentativa de cobrar ingressos para acesso aos jogos do Campeonato Amador de Futebol. As paredes foram arrancadas e as duas árvores permaneceram soberanas com seus galhos abrigando torcedores privilegiados nas sombras do alto de suas copas.

No Campo da Figueira assistimos o desfile de grandes craques como Patrício Cássia, Vítor Hugo Urizar, Inocêncio Rodrigues, Nery Alves Azambuja. Já num passado não tão distante, em meu tempo de Internacional recordo dos grandes goleiros Itico, o Airton Azambuja e Joel Portela. O Bugre do Comercial e o Milto do Ponta Porã também poderiam defender as metas de qualquer grande time nacional. Citando também os atacantes João Manoel Vasques e o Ademar Roncatti vamos voltar à figueira, pois de futebol, falaremos nos próximos dias.

Ponta Porã foi implantada sobre o planalto vizinho, a Cordilheira de Amambay e Serra de Maracaju numa planície próxima a setecentos metros de altitude. Local de muitas vertentes e cabeceiras de água, portanto, com muitos terrenos alagadiços e vegetação de baixo porte. As grandes árvores como a peroba, cedro, guatambu, guajuviras e canafístulas que forneceram madeiras para nossa colonização vicejavam nas imediações da atual zona urbana, principalmente em Santo Tomaz e margens do córrego Santo Estevão. A região central era desprovida de árvores.

Esse quadro permaneceu por muitos anos, até porque o plantio de frutíferas era sempre dizimado pelas fortes geadas anuais. Assim as duas figueiras, plantas nativas, resistiam aos inclementes invernos. Também os cinamomos oriundos do sul do País conseguiram sobreviver e com suas ramadas forneciam sombra nas novas moradas. Contra eles havia a constatação de atraírem raios em dias de chuva, por esse motivo seu cultivo era restrito.

No entanto, em minha infância na região central da cidade, além das duas figueiras hoje homenageadas e da outra exuberante também figueira, da Rua Guia Lopes, que fornecia sombra e abrigo na oficina do Adolfo Cândia ao lado do atual Hotel Damasco, os cinamomos ajudaram a construir o nosso desenvolvimento.

A maioria das oficinas mecânicas funcionava em suas sombras acolhedoras. No local onde hoje está o atual Banco do Brasil, nos fundos do quintal da casa do Cabo Borges e de dona Ingracia dois majestosos exemplares completavam o abrigo da oficina mecânica e da bicicletaria do Turco Abraão, onde na infância, por muitas vezes eu parei para remendar as câmaras dos pneus. Poucos dias atrás num final de noite no Casino Amambay em companhia do amigo advogado Dr. Hosne Esgaib saboreávamos um bom uísque ouvindo as guarânias interpretadas pela bela voz da emergente cantora Natália. E ele então lembrava do eclético bicicleteiro, soldador e sapateiro o Turco Abraão, que além disso tudo era um bom cantor de musicas árabes, libanesas e assim alegrava os companheiros da Colônia.

A oficina do Carlos Fróes, o violinista, conhecido como Carlito Marabá na Rua Paraguai, era também protegida por um cinamomo. E assim, as oficinas do senhor Brandão lá nos altos da Avenida Brasil em frente do atual Lava Jato do Duprat, a do Adolfo Justi na Marechal Floriano, atual Casa Eduardo e a Elétrica do alemão Willy especialista em geradores e motores de arranque, que além da grande árvore, tinha um pé de limão-rosa, especial para uma boa caipirinha. Esta oficina elétrica ficava onde hoje estão as Lojas Ponta Porã de Esportes do Acostinha e da Negra e da Loja de Colchões do Aristeu e Negucha.

Surgiu então o prefeito Pedro Manvailler que, para alegria dos municipes iniciou a primeira arborização de nossa cidade. A Prefeitura já dispunha de uma equipe chamada “Mata-Mosquitos”, uma espécie de Agentes de Saúde. Sua função principal era atacar e eliminar os focos de larvas dos insetos transmissores da maleita, um dos grandes inimigos dos colonizadores.

Nos meus quinze anos fui também uma vítima dessa doença endêmica, tratada e sanada pelo então prefeito Dr. Rachid Saldanha Derzi utilizando medicamentos que eram fornecidos pelo Onze de Cavalaria. Aquela equipe de mata-mosquitos foi preparada para executar o plantio e tratamento das primeiras árvores que iriam ajardinar nossas ruas e avenidas, além dos tratos culturais normais sua maior atividade passou a ser o combate às saúvas, uma formiga predadora que dizimava todos os vegetais.

Em certa época as culturas brasileiras foram tão atacadas por elas, que o Governo Federal para sua supressão criou no Ministério da Agricultura um setor de Mata-Formigas trabalhando com o slogan ‘O Brasil acaba com a saúva ou a saúva acaba com o Brasil’. Pois bem, para arborizar Ponta Porã o prefeito Pedro Manvailler também pressionado pelas donas de casa que na maioria cultivavam jardins em frente de suas residências, criou o time de Mata-Formigas.

O plantio das primeiras árvores começou no perímetro mais central da cidade, iniciando na esquina da Avenida Brasil com a Rua Presidente Vargas, onde era a residência do Dr. Rafael de Simone, um dentista, que merece um capítulo da História de Ponta Porã por haver idealizado e construído nossa primeira Usina Hidrelétrica no Rio São João, além de ter sido um pioneiro que nos legou descendentes que continuam contribuindo para com nosso desenvolvimento.

A espécie plantada foi a leguminosa Ingá, uma árvore também nativa da região e que ainda hoje pode ser encontrada nas margens dos córregos. Os moradores aplaudiram e todas as tarde podia-se observar pessoas regando aquelas mudas na frente de suas casas. Durante o inverno, enquanto novas, foram protegidas com feixes de capim ou com papelão para resistirem às geadas. O plantio se estendeu desde a casa do Dr. Rafael até à esquina da Rua Guia Lopes, nas proximidades da casa do prefeito. Mais ou menos onde hoje está o escritório do meu amigo colorado fanático, advogado Flávio Fortes.

Surgiu, porém, um imprevisto, que virou polêmica na cidade, pois numa certa manhã as mudas amanheceram cortadas e depredadas pelas vacas do Sr. Alfredinho Brandão. Eram muitos os moradores que tinham uma vaca de leite e seu cavalo no quintal. O caso dos Brandão era diferente, sendo proprietários da Pensão Jaú, a mais requisitada da época era bem em frente ao atual Banco Itaú, onde hoje o Jorginho Jacob tem seu escritório.

Dona Filinha, esposa do Alfredinho, tinha uma verdadeira fazenda urbana, pois tirava leite de trinta vacas e ainda dispunha de um touro muito parecido com o ‘Bandido’ da novela. Pela manhã, após a ordenha, todo aquele gado era solto na rua e ficava pastando nos gramados da Avenida Brasil, sendo que na hora de beber água entravam pela Tiradentes e se deliciavam no córrego e aguadas no terreno vazio onde hoje fica a revenda Ford, ao lado do Colégio Mendes Gonçalves. Na noite em que não foram recolhidas no quintal da Pensão Jaú, causaram os estragos na arborização.

Naquela época já era proibido soltar vacas e cavalos nas ruas. No entanto, alguns cidadãos não respeitavam as leis e os fiscais da prefeitura ficavam impotentes perante os protegidos pelas autoridades. Os animais quando apreendidos eram levados para as invernadas do Matadouro Municipal, atual área da Prefeitura chamada de horto florestal. Protegidos pelos coronéis políticos os infratores recuperavam os animais que logo seriam soltos novamente.

Pela pressão e também pelo apoio da maioria da população o Prefeito acertou um convênio com o Onze, e assim com ‘soldados peões’, foram presos logo no primeiro dia mais de cem animais. Fato muito comentado e aplaudido, ainda mais porque as rezes presas foram levadas para os pastos do quartel de onde só poderiam ser liberadas após o pagamento das multas. Os ingazeiros se recuperaram, cresceram e se transformaram em belas árvores onde a gurizada se deliciava com suas bagas suculentas.

Em 1966 o governador Pedro Pedrossian utilizou uma parte daquele enorme quarteirão das figueiras para construir o Centro Educacional José Pinto Costa, agora denominado arbitrariamente de Joaquim Murtinho. A área restante ainda abrigou o Campo de Futebol e as duas figueiras. Certo prefeito, sem se preocupar com a lógica que seria de ampliar o complexo escolar e esportivo naquele espaço, contrariando a vontade da comunidade ali construiu o Palácio da Figueira, a atual Prefeitura, ocasião em que uma das figueiras foi arrancada.

A população desejava que a construção fosse instalada na área de esquina onde está hoje o Corpo de Bombeiros, com espaços suficientes para abrigar todos os prédios institucionais necessários, com amplos estacionamentos. Assim como uma das figueiras, os ingazeiros sem tratos culturais foram fenecendo e a seguir erradicados pelo mesmo prefeito que implantou desordenadamente, na cidade, uma mistura de espécies vegetais próprias de florestas e inadequadas para a urbanização.

Observa-se também que pela falta de tratos culturais e principalmente porque não receberam poda de formação, hoje causam transtornos à população, e prejuízos aos cofres municipais. É comum notar-se pedreiros remendando os meios fios dos canteiros centrais. Galhos enormes ameaçam os fios da rede elétrica e se não forem tratados adequadamente vão com certeza provocar danos materiais e colocar em risco a integridade física dos moradores.

Em frente à minha casa, uma figueira ornamental já arrancou e danificou o canteiro central bem como perfurou a tubulação de manilhas do esgoto. Com técnicos em urbanização poderemos em parte sanar os problemas dessa arborização equivocada. Podas totais ou de rejuvenescimento devem ser feitas, bem como a erradicação daquelas julgadas sem recuperação.

Nos últimos dias acompanhamos pela Imprensa algumas manifestaçãoes sobre a nobre figueira, motivo desta matéria. Ela é de fato uma bela árvore e está no momento muito carente de tratos culturais adequados. Fala-se em multiplicação de mudas, fiquem porém atentos os senhores administradores municipais: Essa espécie florestal é uma semiparasita que exige muito espaço e não deve ser plantada próxima a edificações, suas raízes agressivas ultrapassam o raio de sua copa chegando rapidamente a distância de quinze metros arrancando muros, calçadas e alicerces de construções. As figueiras têm seu habitat em matas, e portanto é ali que elas devem ser preservadas. (Artigo escrito e editado no Jornal de Notícias, na Primavera de 2004).


A Figueira

(Poesia de Eva Siqueira de Jesus)


De uma pequenina semente, nasceu uma árvore... hoje centenária

Frondosa Figueira, da Rua Antônio João!

Tuas raízes fincadas ao chão, com segurança

Continua crescendo, Velha Figueira...

Sem homenagens este ano. Quantas greves te atingiu?

Quantos cochichos ouviu?

Grandes segredos guarda em tuas ramagens...

Verde cor da nossa Bandeira.


Brasil cheio de tantos trabalhadores

A espera de um novo amanhã

Com mais progresso e fé de vencer,

Serene a mente, da nossa gente, que vive aqui.


Na tua sombra acolhedora, quantas juras de amor e sonhos...

O clarão do Sol... o prateado da Lua!

Ouvindo promessas não cumpridas

Junto sempre está do teu Povo.


Pontaporanense continue a esperar... uma administração séria,

Para governar esta terra de irmãos, a nossa Fronteira.

Paraguay, Pedro Juan Caballero. Ouvir o som das Polcas!


Contra o tinido de bala que amedronta a Paz.

Para todos, vizinha da Prefeitura... mostra tua grandeza... e dê força!

Para quem vai governar este município.

Que Deus ilumine... os eleitores... para votar...

Setembro de 1996.



Nota do Autor: A última FIGUEIRA, no dia 29 de dezembro de 2011 foi atingida por um raio e por fortes ventos, tendo suas ramagens e o tronco totalmente danificados.

A velha figueira morreu.

Nelson Trad, o ponta-esquerda

Colégio Dom Bosco, Campo Grande, 1947/48. O Time de futebol do Dom Bosco era a verdadeira seleção do Sul de Mato Grosso. O Olavo Ramos, filho de ervateiros da região da Emboscada em Ponta Porã era o Goleiro. Seu irmão Mushiito, o ‘pajarilho’, hoje médico no Rio de Janeiro fazia a ala esquerda do ataque. Um tanque de guerra o Ubaldo Barem, era o centro-avante tendo na extrema direita o Pereréca – José Caminha, dois pontaporanenses de nascimento. Nelson na ‘extrema esquerda’ completava aquele ataque.

O Pepino, melhor goleiro do Estado, tremia ao jogar contra estes atacantes. Nesse tempo saudoso eu também comungava naquele ginásio interno. O carisma de Dom Bosco e o futebol cultivaram grandes e duradouras amizades. O Gabura já partiu com Jaquinha, Munir ‘Cebola’, Ademar Roncatti, Aley Ale, Chico Giordano, Pedro Araújo, Euler Azevedo, bem como nossos mestres Luiz Cavallon, Padre Angêlo Venturelli, que hoje recebem no time lá de cima o companheiro que acaba de nos deixar.

Após as escaramuças na UNE em 50/51 passamos longos anos distantes, reencontrando-nos na memorável campanha política de 1965/66 quando em Ponta Porã fui visitado pelo ‘extrema-esquerda’ então um dos idealizadores da candidatura de Pedro Pedrossian na coligação PTB-PSD contra as oligarquias dominantes. Participamos e vencemos.

Com Nelson Trad na Justiça e este produtor rural na assessoria sulista da Pasta da Agricultura ajudamos a reestruturação do Estado. Na criação do Mato Grosso do Sul tínhamos a palavra empenhada do todo-poderoso Ministro Golberí do Couto e Silva de que o vencedor na disputa pelo Senado – 1978 – seria nomeado o primeiro governador. Nosso time venceu mais uma vez, porém aquela palavra não foi honrada.

Finalmente em novembro 1980, respeitando as urnas, a verdade foi restabelecida com a posse de Pedrossian no governo e o nosso ‘ponteiro esquerdo’ já eleito Deputado Constituinte assumindo seu lugar na Pasta da Justiça, e coube-me a honra de na Casa Civil atender ao agronegócio do interior. O MS enfim começou a existir, honrosamente.

Desde aqueles anos que precederam ao Estado Novo de Vargas, com 40 milhões de habitantes o Brasil foi se transformando nesta babel de quase 200 milhões. Na Lapa e Cinelândia ou nos bares do Catete onde nos fins de tarde saboreávamos um “chope” com o Mustafá Esgaib sem preferência política, e Ubaldo Barem com Amilcar Lima seguidores da UDN de Fernando Correa da Costa, Fragélli e Cia. o “papo” era saudosista e ameno e versava sobre as tardes da Rua 14 de Campo Grande.

Em futebol sempre discordamos. No Rio ele era Botafogo doente, e eu um torcedor do Fluminense. No Mato Grosso eu era Operário e o Nelson um comercialino convicto. Nessa rua central o Bar Bom Jardim e o Bar Bom Gosto circundavam o Bilhar Sobrado. Este palco inesquecível marcou muitos “flertes” e muitas namoradas, transbordando os sentimentos políticos de nossa juventude, pós-escola e início da vida profissional.

Nelson Trad, um político ético, seguiu a carreira, fazendo o que gostava e amava. Iniciou sua família nesse caminho árduo de defender os direitos da comunidade onde vive, legando seu passado de mãos limpas para os filhos. Tenho certeza que esta bandeira das mãos limpas vai continuar hasteada.

* agroney@bol.com.br



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